Por Mariana Duque Estrada, ANDA
Foto: Santuário de elefantes do Brasil |
Ela nasceu em 1984, no Zimbábue, na África. Por volta dos dois anos de idade, foi capturada e vendida para um circo na América Latina, onde foi treinada e forçada a se apresentar por dez anos. Aos 12 anos, foi levada para o zoológico de São Paulo, onde viveu até hoje em cativeiro.
Membros do Santuário de Elefantes do Brasil, preocupados com a situação dos animais, estiveram no zoológico de São Paulo, em 2014, para avaliar as condições de Teresita e de outras duas elefantas, Serva e Hangun.
Eles disseram que ela andava de um lado para outro em seu minúsculo recinto e depois voltava ao mesmo lugar, procurando meios de ocupar seu tempo. Teresita também tentava escalar a cerca de madeira que delimitava seu perímetro. A elefanta se esticava ao máximo para tentar alcançar alguns ramos frescos ou grama para comer.
Segundo o Santuário de Elefantes do Brasil, no recinto de um elefante, se esse local é pequeno, toda a terra e a grama ficam contaminadas pela urina e pelas fezes e, por isso, ela não a comia. Teresita viveu confinada, por 22 anos, em um recinto de aproximadamente 23m x 23m, sujo, pequeno, solitário e contaminado.
Eles descreveram também que havia um “suor” escorrendo de um de seus olhos e que ela tinha apenas uma das presas, que estava quebrada. Ninguém sabe ao certo o que aconteceu com elas.
Na página da organização eles escreveram: “Pelo que escutamos, Teresita foi rotulada como pouco cooperativa e agressiva, entre outras palavras pelas quais são chamados os “maus” elefantes em cativeiro – mas a maioria dos elefantes é apenas mal compreendida e não recebem a oportunidade de mostrarem quem realmente são”.
“ Todas essas características são resultado do ambiente onde estão; falta de espaço, incapacidade de escolha, ausência de estímulo, equipe inexperiente, todos esses fatores são responsáveis por esses rótulos, não os elefantes propriamente ditos. E quando recebem um ambiente de cuidados, com espaço e outros elefantes, eles rapidamente mostram a você os seres surpreendentemente inteligentes e emocionais que eles realmente são – desprendendo-se para sempre daqueles rótulos”.
Foto: Santuário de elefantes do Brasil |
A vida dos elefantes
Elefantes são animais de cérebro grande, inteligentes e curiosos. Em liberdade, movimentam-se pelo menos 20 de cada 24 horas, de forma ativa, caminham 20 ou mais quilômetros por dia em busca por alimentos, explorações, sociabilizações e procura por indivíduos da mesma espécie.
Dedicam apenas duas ou três horas ao descanso – quando podem ficar parados ou se deitar para dormir, mantendo-se em atividade física e mental todo o resto do tempo.
O objetivo declarado dos zoológicos é atender às necessidades comportamentais e biológicas das espécies em cativeiro. Quando se trata de elefantes e de tantos outros animais, os jardins zoológicos são terrivelmente inadequados.
Em 2014, a Costa Rica deu um exemplo a ser seguido, ao anunciar que fecharia seus dois zoológicos e que parte dos animais seriam destinados a centros de resgate e a outra seria devolvida à natureza.
A luta pela liberdade
Em todo o mundo, ativistas e organizações de diretos animais lutam pela liberdade dos elefantes e de outros ainmais selvagens que são explorados pelas mais cruéis e abomináveis razões.
Ano passado, a Suprema Corte de Nova York, no Condado de Orleans, ouviu os argumentos do caso sobre direitos dos elefantes trazido pelo Projeto de Direitos Não-Humanos (NhRP) em nome de Happy, uma elefanta asiática de 47 anos mantida sozinha em cativeiro no zoológico do Bronx. O processo foi a primeira audiência de habeas corpus do mundo em nome de um elefante e a segunda audiência de habeas corpus em nome de um animal não humano nos EUA, ambos garantidos pelo NhRP.
Steven M. Wise, o principal advogado e presidente do NhRP, argumentou que Happy, como um ser autônomo, é uma pessoa legal com o direito fundamental à liberdade protegida pela lei comum de habeas corpus.
O destino de Happy ainda não foi decidido.
Luto
A ativista pelos direitos animais, Luisa Mell, fez um post no Instagram lamentando a morte de Teresita. Ela ressalta as péssimas condições em que ela vivia, critica a existência dos zoológicos e condena o uso de animais como entretenimento humano – o que causa a eles dor, sofrimento e um vida inteira de solidão e maus tratos.
Fonte: www.anda.jor.br
Anda - Agência de Notícias de Direitos Animais
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